No mundo corporativo, fala-se muito sobre a importância de criar um Great Place to Work® e os impactos positivos na gestão dos negócios, ao permitir que os colaboradores tenham uma voz ativa sobre tudo aquilo que sustenta uma boa experiência no ambiente de trabalho e, mais importante ainda, sobre as suas oportunidades de melhoria.
Contudo, existe uma linha de pensamento que, muitas vezes, confunde um Excelente Lugar Para Trabalhar com um Perfeito Lugar Para Trabalhar. Este último é, na verdade, uma utopia que, apesar de desejável, não reflete a realidade possível das empresas. Afinal, tudo é mutável, e existem diversos fatores externos que podem impactar o moral das pessoas e, consequentemente, o seu ambiente de trabalho.
Neste artigo, iremos explorar as diferenças entre estes dois conceitos e como um Great Place to Work®, mesmo com oportunidades de melhoria, pode ser uma organização de grande sucesso.
O que é a Certificação internacional da Great Place To Work®?
Em primeiro lugar, é necessário esclarecer que a certificação internacional da Great Place To Work® é a única metodologia a nível global que se baseia exclusivamente na avaliação de uma empresa por parte dos seus próprios colaboradores, através de um inquérito confidencial online. Este inquérito avalia diversos aspetos do ambiente de trabalho, como os níveis de confiança entre líderes e liderados, o respeito nas relações e a credibilidade das equipas de gestão, fatores que, consequentemente, contribuem para o orgulho em fazer parte da empresa e para um ambiente de camaradagem entre os colaboradores.
As Empresas Certificadas como GPTW destacam-se por conseguirem criar ambientes onde a maioria dos seus colaboradores se sente satisfeita, envolvida e reconhecida pelo seu trabalho. Para obter a certificação, é necessário que pelo menos 7 em cada 10 colaboradores estejam satisfeitos e considerem a sua empresa um excelente lugar para trabalhar.
A metodologia Great Place To Work® define uma empresa certificada como aquela que consegue, de forma consistente, atender às necessidades e expectativas da maioria dos seus colaboradores. No entanto, é importante salientar que "maioria" não significa "totalidade", havendo sempre margem para melhoria.
A utopia de um Perfect Place to Work
Quando falamos de um Perfect Place to Work, referimo-nos a um ambiente onde todos os colaboradores, sem exceção, estão completamente satisfeitos com todos os aspetos da empresa. Contudo, esse conceito ignora uma realidade essencial: mesmo nas melhores empresas, é inevitável a presença de alguns profissionais ou líderes menos adequados, cuja atuação pode impactar negativamente o ambiente de trabalho e, mais importante, a vida de alguém.
Mesmo num ambiente repleto de bons exemplos, podem surgir gestões e atitudes tóxicas, conflitos de ego ou simples desalinhamentos com a cultura e os valores da organização.
Este último também pode partir do próprio colaborador, que, por sua vez, não aspira a nada além de uma função passageira e meramente transacional. Esta é uma situação que não nos cabe julgar, afinal, todos temos contas para pagar. O facto é que, quando esta situação se prolonga, como em qualquer relação, até que ocorra uma rutura neste ciclo, haverá fricção e prejuízo para todos os envolvidos.
Um exemplo típico desta falta de alinhamento ou simplesmente de má gestão ocorre nas “famosas” reuniões pós-pesquisa, em que determinada liderança reúne toda a sua equipa para questionar uma má avaliação do seu departamento e identificar os supostos responsáveis. Este tipo de atitude, além de destruir ainda mais a confiança entre os membros da equipa, compromete totalmente a credibilidade do processo.
Invariavelmente, ouço colaboradores questionarem: "Mas a Great Place To Work não afirma que o estudo é confidencial? Como é que este líder sabe que o seu grupo de trabalho teve uma má avaliação?"
Por vezes, o óbvio precisa de ser dito: sim, a pesquisa é confidencial e posso comprovar isso com facilidade. Se está a ler este artigo até aqui e ainda assim tem dúvidas, pode entrar em contacto diretamente comigo – será um gosto esclarecer que a nossa plataforma agrupa os resultados por diferentes demografias. Como qualquer estudo, permite que as empresas avaliem as médias globais dos resultados por departamento, área, unidade, nível hierárquico, entre outros. No entanto, independentemente da visualização ou demografia consultada na nossa plataforma de resultados, as médias são apresentadas apenas para grupos com cinco ou mais respondentes. Nunca menos. Isto garante a confidencialidade de todos os participantes.
Portanto, se algum gestor já lhe afirmou que sabe exatamente quem o avaliou mal, ou se aquele colega, cheio de certezas, que diz ter todas as respostas para os grandes mistérios do mundo também o afirmou, é provável que tenha caído num embuste de um péssimo líder ou colega. E, sejamos francos, alguém que age desta forma não deveria ocupar uma posição de liderança.
No entanto, isso não significa que se deva descredibilizar por completo o bom trabalho já realizado nesse mesmo local de trabalho. Como todos já vivenciámos em algum momento das nossas vidas, estas dicotomias podem coexistir: uma empresa pode ser um excelente lugar para trabalhar para a grande maioria dos seus colaboradores e, ao mesmo tempo, ter desafios pontuais de liderança ou áreas de trabalho.
Também pode ser apenas mais um daqueles relatos “totalmente verdadeiros” que circulam nos corredores – a história do amigo, do amigo, que ouviu dizer que, em determinada empresa lá de Lisboa, o "chefe" tinha todas as respostas da pesquisa de clima. O detalhe que se esqueceu de mencionar? Que a pesquisa em questão não fazia parte do Programa de Certificação da Great Place To Work®.
Nos dias de hoje, sabemos que a necessidade de atenção, infelizmente, é incessante. E, muitas vezes, as vozes mais críticas são justamente aquelas que pouco fazem para mudar a realidade à sua volta – os que passam mais tempo encostados na copa do escritório a reclamar que o mundo conspira contra o seu sucesso do que a contribuir para um ambiente de trabalho melhor.
Sem entrar em muitos termos técnicos, é fundamental reforçar que a Great Place To Work® garante a confidencialidade dos dados dos clientes e possui as principais certificações internacionais de segurança de dados, cumprindo integralmente o RGPD vigente na União Europeia. Da mesma forma, as identidades dos participantes do inquérito são mantidas em total sigilo face aos seus empregadores.
Isto acontece porque, sempre que um colaborador submete as suas respostas na nossa plataforma, é aplicada uma criptografia que impede qualquer associação entre as respostas e um indivíduo específico. Este processo, chamado desidentificação, remove partes específicas dos dados (como nomes, endereços de e-mail e outros identificadores persistentes) para garantir que as respostas não possam ser atribuídas a uma pessoa.
Após esta etapa, ocorre a agregação, um processo de agrupamento das respostas para que os dados individuais nunca fiquem disponíveis para os empregadores. Como resultado, as respostas só são apresentadas se a categoria tiver pelo menos cinco participantes.
Oportunidades de melhoria num Great Place To Work
O principal desafio desse ideal é que ele desconsidera a diversidade de experiências, personalidades e expectativas dentro de uma organização. Um local de trabalho perfeito seria aquele capaz de atender, simultaneamente, às necessidades emocionais, psicológicas, financeiras e profissionais de todos de forma plena e contínua – algo que, na prática, é inalcançável.
Além disso, a dinâmica empresarial é fluida. As pessoas mudam, as equipas mudam, os objetivos mudam e, com isso, surgem desafios inevitáveis. O conceito de perfeição é demasiado estático para se aplicar ao mundo dos negócios. No entanto, a busca por essa utopia é fundamental. Deve ser o motor que impulsiona as organizações a melhorarem continuamente, a analisarem os seus pontos fracos e a encontrarem formas de aperfeiçoar o que já funciona bem, com o objetivo de proporcionar a todos os colaboradores um excelente ambiente de trabalho.
Mesmo as melhores empresas, certificadas como GPTW, têm áreas a melhorar. E isso não deve ser visto como um sinal de fracasso ou como uma negação do excelente trabalho já realizado. Afinal, como mencionado anteriormente, não existe perfeição quando se fala em gestão de pessoas e, infelizmente, é possível coexistirem esses dois cenários, em que uma pequena parte dos colaboradores ainda não consegue experienciar com a consistência desejada esse bom ambiente.
Neste cenário, o que diferencia uma empresa Great Place To Work® das demais é o seu compromisso em trabalhar permanentemente para que, em algum momento, todos possam experienciar, de forma consistente, um excelente ambiente de trabalho, sendo isso visto como uma parte natural deste processo de evolução e só sendo possível ao escutar as opiniões dos colaboradores de forma contínua.
Uma organização pode ser reconhecida como Great Place To Work® e, ainda assim, lidar com problemas pontuais de liderança, com uma equipa disfuncional ou com colaboradores insatisfeitos por motivos pessoais ou profissionais. Na verdade, um ambiente de trabalho verdadeiramente excelente é aquele que reconhece essas falhas e toma medidas para corrigi-las. Um erro comum entre colaboradores e gestores é acreditar que um GPTW é um local onde todos estão sempre felizes. A realidade é que, em qualquer empresa, haverá uma pequena percentagem de colaboradores que, por diversas razões, não estará plenamente satisfeita.
A questão da liderança e seu impacto no ambiente de trabalho
Um dos principais fatores que influenciam a experiência de um colaborador, mesmo em uma empresa certificada como Great Place To Work®, é a qualidade da liderança. Dados dos estudos globais da Great Place To Work® indicam que a confiança na liderança é um dos elementos mais determinantes para a satisfação dos colaboradores.
Uma liderança ineficaz pode ter um impacto profundamente negativo, tornando irrelevantes até mesmo os melhores benefícios ou uma cultura organizacional positiva.
Como todos já ouvimos, "as pessoas não se despedem das empresas, mas sim dos seus líderes".
A presença de gestores inadequados não invalida o excelente trabalho realizado pelo restante da organização, mas evidencia uma oportunidade de melhoria que precisa ser abordada com urgência. Afinal, um Great Place To Work® não significa um Perfect Place to Work, mas sim um ambiente comprometido com a evolução contínua.
A chave é reconhecer que, embora seja impossível agradar a todos o tempo todo, é essencial que a empresa tenha mecanismos para identificar e agir sobre as queixas válidas. Programas de formação de liderança, feedbacks constantes e uma comunicação transparente podem ajudar a mitigar esses problemas.
A importância de olhar para o todo
Quando se analisa um Great Place To Work®, o foco deve estar na experiência geral dos colaboradores, e não apenas nos casos isolados de insatisfação. As empresas que obtêm esta certificação demonstram que, em média, a maioria dos seus colaboradores sente-se valorizada e confia na organização.
As pesquisas realizadas pela Great Place To Work® indicam que ambientes com mais de 65% de satisfação entre os colaboradores são locais mais saudáveis para trabalhar. Isso não significa que o restante, que eventualmente não está totalmente satisfeito, não deva ser ouvido, mas o facto de existir uma maioria expressiva satisfeita com as condições de trabalho deve ser levado em consideração para perceber e destacar os pontos fortes desse mesmo ambiente. É importante que as empresas reconheçam e celebrem o progresso feito, mesmo que haja espaço para melhorias. As organizações são entidades em constante evolução, e cada novo ciclo de feedbacks e melhorias contribui para o seu crescimento e para o bem-estar dos seus colaboradores.
A busca por um Perfect Place to Work é um objetivo que deve ser perseguido, mas com a consciência de que nunca será atingido de forma absoluta. Um Great Place To Work® é, por definição, um local onde a maioria dos colaboradores se sente satisfeita, confiante e envolvida. No entanto, é igualmente importante reconhecer que haverá sempre áreas de melhoria e que o foco deve estar em continuar a melhorar esses aspetos, em vez de esperar por um ideal inatingível.
O sucesso de uma organização não se mede pela ausência de falhas, mas pela capacidade de identificar problemas e corrigi-los de forma eficaz. O que faz de um local um Great Place To Work® é, justamente, a abertura para ouvir os colaboradores e a disposição para evoluir continuamente.
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Senior Customer Success Manager & Strategic Advisor na Great Place To Work® Portugal