Employer Branding, Experiência do Colaborador
Severance e o espelho distorcido (ou nem tanto) da nossa cultura organizacional.
No primeiro episódio da série Severance, Harmony Cobel (interpretada por Patricia Arquette) diz a Mark Scout (personagem de Adam Scott):
“A handshake is available on request.”
(Este artigo não contém spoilers)
A frase surge quando Mark é promovido, algo que, num contexto saudável, deveria simbolizar o reconhecimento, a conquista e a celebração. Mas não. O momento é frio, distante e tão acolhedor quanto um iceberg. Isto levanta uma questão inquietante:
Quão danificada precisa de estar a cultura de uma organização para que até o contacto humano mais básico, um aperto de mão, seja tratado como exceção?
Há algum tempo escrevi para a Revista Human Resources um artigo chamado Um Lugar Silencioso, onde explorei como o medo pode instaurar o silêncio dentro das empresas; o medo de errar, de se expor, de simplesmente ser quem se é, recorrendo à analogia com o filme A Quiet Place.
Agora, com Severance, damos um passo além:
e se o ambiente de trabalho for tão alienante que nem a nossa identidade pessoal atravessa a porta da empresa?
Severance: a distopia que já existe
A série acompanha o dia a dia enigmático da Lumon Industries, uma empresa que impõe aos seus colaboradores um procedimento radical: a separação total entre memórias pessoais e profissionais. O “eu de dentro” da empresa não sabe nada sobre a vida fora dali, e vice-versa.
Apesar de fictícia, Severance escancara práticas reais que ainda existem em muitas empresas: ambientes desumanizados, relações superficiais, ausência de propósito e culturas de medo.
No fundo, o que une Severance e Um Lugar Silencioso é aquilo que a metodologia GPTW combate diariamente: a desumanização dos ambientes de trabalho.
Confiança. Orgulho. Camaradagem: os pilares que colapsam na Lumon
Confiança
Praticamente inexistente entre líderes e liderados. As decisões são unilaterais, o controlo da gestão é absoluto, sugestões da equipa operacional são indesejadas.
Orgulho
Ser “severado” é um tabu social, as pessoas tratam o tema como se fosse uma condição indesejada, falada em sussurros.
Camaradagem
Paradoxalmente, é o único pilar que resiste. Dentro da Lumon, forma-se uma forte relação entre colegas. Porém, assim que o elevador abre para o mundo exterior, tudo desaparece.
O que Severance revela sobre culturas organizacionais tóxicas
1. Falta de Propósito
Na Lumon, os colaboradores não sabem por que fazem o que fazem. O trabalho é mecânico, sem sentido.
Na vida real, encontramos empresas onde o mesmo acontece: tarefas sem contexto, colaboradores desligados da missão.
Nas Empresas Certificadas GPTW, é diferente: há clareza de propósito, com 82% dos colaboradores a afirmar que estão disponíveis a dar mais de si, pois a liderança comunica o “porquê” do seu trabalho. Isso gera orgulho, pertença e, como revelámos este ano no nosso relatório, 3x mais retenção de talento.
Quer alcançar estes resultados? O primeiro passo é simples: ouvir a sua equipa através da Jornada de Certificação.
2. Microgestão
A Lumon vive sob vigilância constante: câmaras, punições, quotas, ausência de autonomia. Uma cultura de controlo.
Infelizmente, essa realidade ainda existe em muitas empresas.
Nas Empresas Certificadas, o caminho é outro: aposta-se na Confiança. Os líderes confiam, não controlam (85% dos colaboradores afirma que a liderança confia no seu trabalho e não os vigia). Dão espaço à decisão consciente, permitem o erro como aprendizagem e estimulam o desenvolvimento de carreira.
Quer saber como aumentar a confiança? Pergunte aos seus colaboradores. O nosso questionário dá-lhe essa resposta.
3. Desconexão Humana e Falta de Reconhecimento
Na série, os colaboradores são tratados como peças de uma máquina. Sem empatia. Sem reconhecimento.
Na vida real, esse é um dos principais fatores de rotatividade.
O reconhecimento contínuo é uma necessidade transversal a todas as gerações. Não é só “coisa de Geração Z”. Valorizar as pessoas de forma autêntica reforça o sentimento de pertença e alinha todos com os valores da empresa.
Mais do que uma estratégia, é um compromisso humano.
Severance pode ser a história real de qualquer empresa que negligencie a sua cultura organizacional
Tendemos a associar distopias ao futuro, sobre o pensamento que não chegaremos lá, ou que ao longo do caminho o futuro irá mudar. Mas em Severance, os cineastas pregaram-nos uma rasteira… todos os objetos fora da empresa são contemporâneos o que nos diz que essa realidade pode muito bem ser… agora.
A série exagera, sim. Mas exagera características reais: escritórios frios, metas desumanas, líderes distantes, e ausência de comunicação com propósito.
Por isso, a metodologia GPTW é mais relevante do que nunca.
É uma bússola para quem quer construir culturas organizacionais saudáveis, humanas e sustentáveis.
Ambientes onde as pessoas não precisam de “desligar” quem são para conseguirem trabalhar.
No fim, a pergunta que se impõe é:
A sua empresa está mais próxima da Lumon ou de um Great Place To Work?
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Marketing Operations Manager na Great Place To Work® Portugal