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Felicidade no trabalho: Sinais de uma consciencialização social ou uma utopia?

 Felicidade no trabalho:  Sinais de uma consciencialização social ou uma utopia?

Um pouco por todo o lado ouvimos falar no conceito de felicidade no trabalho, e no impacto positivo que a adoção de políticas e práticas de gestão de pessoas visando conquistar esse estado, pode trazer para a melhoria significativa dos resultados das organizações, para a adaptação das mesmas ao chamado mundo VUCA (volatility, uncertainty, complexity e ambiguity), para a inovação, etc.

Das muitas reações que podemos ter sobre o tema, uma surge em primeiro lugar: “Felicidade no trabalho!? Mesmo? E isso é possível?”. Talvez essa reação seja porque a palavra felicidade tem um peso emocional e uma abrangência que vai desde o estarmos realizados com o que fazemos e com os resultados que obtemos, até à qualidade das nossas relações, o tipo de experiências que vivemos, a saúde que tenhamos, etc. São muitas as variáveis que influenciam o estar e o sentir felicidade. Um sentimento flutuante e subjetivo que depende muito da visão de mundo, da cultura, da personalidade e da fisiologia de quem a vive ou deixa de viver. 

A procura pela felicidade ou como eu gosto de chamar, de equilíbrio. Da sensação de estar a valer a pena a aventura de participar deste mundo, passa muito pela contribuição que damos através daquilo que fazemos. No significado que atribuímos às nossas ações tendo em vista algo superior a nós. Na visão holística do contributo. No entanto, como estamos no fundo a falar de equilíbrio, é de todo fundamental inserir nesta equação, a parcela do que recebemos e de que maneira o percecionamos dentro dessa visão holística do meio onde estamos inseridos. A influência do contexto é peça determinante na expressão genética de um indivíduo e na manifestação das suas características e comportamentos, conforme demonstram os estudos na área da epigenética.

Um organismo em estado de homeostasia ou em equilíbrio nos seus processos de regulação, com níveis de stress controlados, pode ser considerado um organismo feliz, com capacidade de resiliência e de interação pró-ativa com o meio, desempenhando o papel para o qual foi preparado dentro do sistema complexo e dinâmico a que pertence.

Baseado no que foi escrito até aqui, penso ser claro que o meio “ambiente de trabalho” tem um papel primordial na nossa perceção de felicidade, seja pela quantidade de tempo e energia que disponibilizamos através das nossas capacidades e competências, seja pelo feedback que recebemos para dar resposta às nossas expetativas, desejos e objetivos. E o resultado dessa qualidade ambiental, terá forte impacto na nossa expressão genética, na autoconfiança e no comportamento.

Nesse sentido, e fruto de níveis cada vez maiores de sofisticação tecnológica e de complexidade do sistema “mundo”, o trabalho e as organizações vivem novos paradigmas e desafios na gestão estratégica das pessoas; onde o foco no conceito de felicidade e os contributos organizacionais através de práticas e ações que proporcionem equilíbrio para a sua força de trabalho, trarão importantes vantagens competitivas como uma melhor performance, motivação, inovação e satisfação e que, indiretamente, afetarão de forma positiva toda a sociedade na direção de uma sustentabilidade que nos permitirá evoluir enquanto espécie.

Os desafios são grandes. Hercúleos. É uma jornada de melhoria contínua. Passo-a-passo no sentido da criação de uma cultura de confiança. Na construção de um sistema pautado pelo respeito, credibilidade e humildade em perceber que o equilíbrio requer consistência nas ações, atenção aos detalhes e às nuances, e urgência na sua aplicação.

Um dos grandes desafios das organizações passa pela capacidade de estimular os seus colaboradores. Porque entendo ser esse um grande desafio? Bem, nos dias que correm estamos todos altamente estimulados. Já não é qualquer coisa que gera impacto. Sabemos que um estímulo que gera um sentimento prazeroso e de satisfação no seu início, tem tendência a desvanecer com o tempo.  Coisas como os benefícios, o ordenado, as regalias etc.  Estamos fisiologicamente desenhados para que seja assim. Saber isso é fulcral para a gestão estratégica da organização. A variação de estímulos através do desenvolvimento, das oportunidades de experimentação, da tolerância ao erro não premeditado, de um entendimento de que a capacidade de aprendizagem e crescimento humano está ao alcance de qualquer um, traz ao de cima a responsabilidade de todos os elementos envolvidos na organização, da necessidade de um contributo mútuo alinhado com a missão, visão e valores organizacionais. Tudo isso alicerçado em comportamentos e atitudes mais empáticos e humanos de todos os elementos do sistema, desenvolvidos através de processos de autoconsciência e partilha, criará ambientes maioritariamente felizes e homeostáticos.

Na Great Place to Work® Portugal iniciamos o nosso trabalho de consultoria através da medição do grau de confiança dos colaboradores, como forma de medir o pulso da organização, avaliando as políticas e práticas organizacionais de gestão de pessoas que contribuem para uma maior ou menor perceção de felicidade. Os excelentes lugares para trabalhar possuem características comuns tais como:

 

                                               - elevados níveis de confiança

                                               - sentimento de unidade entre todos

                                               - significado daquilo que se faz para a sociedade

                                               - diversidade de tarefas

                                               - reconhecimento e valorização

                                               - identificação com a organização

                                               - lideranças inspiradoras

                                               - orgulho

                                               - equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal

 

Todas estas características requerem a aprendizagem de ferramentas, a quebra de paradigmas através da experimentação, abertura ao erro, falar, ouvir e partilhar, desenvolvimento de inteligência emocional, criação de planos de ação e sua monitorização e por fim, lideranças dispostas a adquirir conhecimentos da natureza humana em todas as suas vertentes.

 

Respondendo à questão colocada no título deste artigo, estamos de facto perante um momento especial de consciencialização social, e a procura pela felicidade é uma armadilha utópica positiva pela qual devemos procurar.  Como assim? Uma utopia é algo inatingível!? Bem, o facto de perseguirmos algo através da reflexão seguida de medidas de ação, faz com que avancemos. Faz com que já não estejamos no mesmo sítio quando olhamos para trás. Gera crescimento e maturidade que a miúde está presente na simplicidade e na singularidade de cada momento.

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